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domingo, 2 de janeiro de 2011

Passar pelo fogo

 “Milho de pipoca que não passa pelo fogo, 
continua a ser milho para sempre.
 Assim acontece com a gente, 
as grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.
 Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. 
São pessoas de uma mesma mesmice e uma dureza assombrosa  
só que elas não percebem e acham que seu jeito de 
ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo.
 O fogo é quando a vida nos lança numa situação
 que nunca imaginamos, a dor.
 Pode ser fogo de fora: perder um amor, 
perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego,
 ou ficar pobre!Pode ser fogo de dentro: pânico, 
medo, ansiedade, depressão ou sofrimento,
 cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio:
 apagar o fogo! 
Sem fogo o sofrimento diminui, 
com isso a possibilidade da grande transformação também. 
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, 
lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou:
 vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma,
 ela não pode imaginar um destino diferente para si. 
Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela.
 A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. 
Ai, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: 
Bum!
 E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, 
algo que ela mesma nunca havia sonhado.
Bom, mas ainda temos o piruá,
 que é o milho de pipoca que se recusa à estourar.
 São como aquelas pessoas que,
 por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. 
Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. 
No entanto, o destino delas é triste,
 já que ficarão duras a vida inteira,
 não vão se transformar na flor branca,
 macia  e nutritiva,
 não vão dar alegria para ninguém.”

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