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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Ensinando o cavalo a voar



Vamos dividir a palavra preocupação em duas partes: pré-ocupação.
Ou seja, ocupar-se de algo antes que aconteça.
Tentar resolver problemas que ainda não tiveram tempo de se manifestar.
Imaginar que as coisas, quando chegam, sempre escolhem seu pior aspecto.
Há, é claro, muitas exceções. Uma delas é o herói desta pequena história:
Um velho rei da Índia condenou um homem à forca.
Assim que terminou o julgamento, o condenado lhe pediu:
- Vossa Majestade é um homem sábio e curioso a respeito de tudo que
seus súditos conseguem fazer.
Respeita os gurus, os sábios, os encantadores de serpentes e os faquires.
Pois bem.
Quando eu era criança, meu avô me transmitiu a técnica de fazer um cavalo branco voar.
Não existe mais ninguém neste reino que saiba isto,
de modo que minha vida deve ser poupada.
O rei imediatamente mandou trazer um cavalo branco.-
Preciso ficar dois anos com este animal – disse o condenado.-
Você terá dois anos – respondeu o rei, a esta altura meio desconfiado –
Mas, se este cavalo não aprender a voar, será enforcado.
O homem saiu dali com o cavalo, feliz da vida.
Ao chegar em casa, encontrou toda a família em prantos.-
Você está louco? – gritaram todos –
Desde quando alguém desta casa sabe fazer um cavalo voar?-
Não se preocupem – respondeu ele –
Primeiro, nunca alguém tentou ensinar um cavalo a voar, e pode ser que ele aprenda.
Segundo, o rei está muito velho e pode morrer nesses dois anos.
Terceiro, o animal também pode morrer,
e eu conseguirei mais dois anos para treinar um novo animal.
Isso sem contar a possibilidade de revoluções,
golpes de Estado, anistias gerais.
Finalmente, se tudo continuar como está, eu ganhei dois anos de vida,
e neles poderei fazer tudo o que tiver vontade.

Vocês acham pouco?