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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Viver não dõi

O que dói é a vida que não se vive.
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos
conhecido uma pessoa tão bacana,
por exemplo, que gerou em nós um sentimento intenso e
que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado
e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas;
por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de
ter tido juntos e não tivemos;
por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de
ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando
a ela nossas angústias, se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
iludindo-se menos e vivendo mais.

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